Operação policial no litoral de SP é 'resposta de terror', diz membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública

Carolina Ricardo disse acreditar que operação deveria ser mais planejada. Moradores de comunidades de Guarujá, SP, se manifestaram contra as ações. Carolina Ricardo acredita que operação em Guarujá deveria ser melhor planejada. Instituto Sou da Paz/Divulgação e Carlos Abelha/TV Tribuna “Resposta de terror”. É assim que a advogada, socióloga, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Carolina Ricardo, descreve a Operação Escudo, estabelecida em Guarujá, no litoral de São Paulo, após a morte de um PM da Rota. Moradores de comunidades de Guarujá fizeram manifestação contra as ações policiais e relataram ao g1 que agentes estão invadindo residências nas comunidades, agredindo e matando. Até o momento, 16 pessoas foram mortas, conforme dados da Secretaria de Segurança Pública de SP (SSP-SP). “Vai entrar num ciclo vicioso. Morre um policial, a polícia revida com operação dessa forma, que também mata mais pessoas, gera medo e pavor na comunidade e expõe os policiais a mais risco. Acabam vitimando um novo policial e esse ciclo nunca termina”, relatou Carolina. Ela se disse a favor da operação em resposta à morte do policial, pois considera o assassinato de um agente em serviço uma violência contra o Estado: "inadmissível". No entanto, acredita que as ações deveriam ser mais bem organizadas pelas autoridades, porque o governo estadual tem condições de arquitetar uma operação "mais cirúrgica". “Me parece que a polícia de São Paulo, que se diz uma polícia tão profissional, uma das mais profissionais do Brasil, teria muito mais condição de fazer uma operação mais planejada. É claro que você pode optar por uma ostensividade como tem sido essa feita, mas está gerando muito mais mortes”. A Operação Escudo mobilizou 600 agentes de equipes especializadas das polícias Militar e Civil, inclusive de um efetivo de outros locais do Estado. Para Carolina, isso pode ocasionar problemas, com riscos aos próprios policiais e aos moradores das comunidades alvos das ações, pois são profissionais que não conhecem o território. “Se você se sente em risco, você tende a usar mais a força, mais brutalidade [...]. O que já gera muito mais tensão, medo e pavor nos moradores”, ressaltou a advogada, que já atuou como consultora em temas de segurança pública e prevenção da violência em diversos órgãos. De acordo com ela, houve violação dos direitos humanos na morte do policial, mas a resposta das autoridades também está violando os direitos humanos, além de ter pouca eficiência. “Se aposta numa lógica de gerar medo, de mostrar quem é mais forte”, ressaltou. A socióloga enfatizou que os agentes devem prender os criminosos, não matar. “Não cabe à polícia executar, decidir e julgar uma pessoa. Ela precisa ser presa [...] Me parece muito grave o que está acontecendo”, finalizou. Moradores de Guarujá (SP) pedem para Polícia parar de matar pessoas durante operação Procurada pelo g1, a SSP-SP informou que 16 suspeitos morreram após entraram em confronto com as forças de segurança. “Todos os casos são investigados pela Divisão Especializada de Investigações Criminais (DEIC) de Santos e pela Polícia Militar por meio de Inquérito Policial Militar (IPM)”, esclareceu. Ainda segundo a pasta, as imagens das câmeras corporais dos agentes serão anexadas aos inquéritos e “estão disponíveis para consulta irrestrita pelo Ministério Público, Poder Judiciário e a Corregedoria da PM”. Leia mais: Policial da Rota morre e outro fica ferido em comunidade de Guarujá, SP PM morto sonhava ser campeão mundial de jiu-jitsu 'Sniper do tráfico' suspeito de matar PM da Rota é preso em SP Homem morto em ação da polícia teve o filho tirado do colo antes de ser 'fuzilado' em mangue, diz esposa; VÍDEO Instituto Sou da Paz O Instituto Sou da Paz busca contribuir para a efetivação de políticas públicas de segurança e prevenção da violência, pautadas por valores de democracia, justiça social e direitos humanos. Entenda o caso PM da Rota morto era da capital de SP e estava em serviço quando foi atingido por criminosos Arquivo Pessoal O soldado Patrick Bastos Reis foi baleado enquanto fazia um patrulhamento na comunidade da Vila Júlia, em Guarujá, na quinta-feira (27). A morte foi confirmada no mesmo dia. Além dele, um outro policial foi baleado na mão esquerda, encaminhado para o Hospital Santo Amaro e liberado. Após o caso, a Polícia Militar iniciou a Operação Escudo, com o objetivo de capturar os criminosos responsáveis pela ação contra os agentes. Erickson, também conhecido como 'Deivinho', foi capturado na Zona Sul de São Paulo, durante a noite do último domingo (30). Segundo informações da polícia, Erickson tem 28 anos, é solteiro e era o 'sniper' utilizado pelos traficantes. Ele teria atirado em direção ao soldado da Rota de uma distância de mais de 50 metros. Mortes 'Sniper' que matou policial do ROTA pede para Tarcísio 'parar de matar inocentes' Em vídeo gravado antes de ser preso, o suspeito afirma, em re

Operação policial no litoral de SP é 'resposta de terror', diz membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública

Carolina Ricardo disse acreditar que operação deveria ser mais planejada. Moradores de comunidades de Guarujá, SP, se manifestaram contra as ações. Carolina Ricardo acredita que operação em Guarujá deveria ser melhor planejada. Instituto Sou da Paz/Divulgação e Carlos Abelha/TV Tribuna “Resposta de terror”. É assim que a advogada, socióloga, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Carolina Ricardo, descreve a Operação Escudo, estabelecida em Guarujá, no litoral de São Paulo, após a morte de um PM da Rota. Moradores de comunidades de Guarujá fizeram manifestação contra as ações policiais e relataram ao g1 que agentes estão invadindo residências nas comunidades, agredindo e matando. Até o momento, 16 pessoas foram mortas, conforme dados da Secretaria de Segurança Pública de SP (SSP-SP). “Vai entrar num ciclo vicioso. Morre um policial, a polícia revida com operação dessa forma, que também mata mais pessoas, gera medo e pavor na comunidade e expõe os policiais a mais risco. Acabam vitimando um novo policial e esse ciclo nunca termina”, relatou Carolina. Ela se disse a favor da operação em resposta à morte do policial, pois considera o assassinato de um agente em serviço uma violência contra o Estado: "inadmissível". No entanto, acredita que as ações deveriam ser mais bem organizadas pelas autoridades, porque o governo estadual tem condições de arquitetar uma operação "mais cirúrgica". “Me parece que a polícia de São Paulo, que se diz uma polícia tão profissional, uma das mais profissionais do Brasil, teria muito mais condição de fazer uma operação mais planejada. É claro que você pode optar por uma ostensividade como tem sido essa feita, mas está gerando muito mais mortes”. A Operação Escudo mobilizou 600 agentes de equipes especializadas das polícias Militar e Civil, inclusive de um efetivo de outros locais do Estado. Para Carolina, isso pode ocasionar problemas, com riscos aos próprios policiais e aos moradores das comunidades alvos das ações, pois são profissionais que não conhecem o território. “Se você se sente em risco, você tende a usar mais a força, mais brutalidade [...]. O que já gera muito mais tensão, medo e pavor nos moradores”, ressaltou a advogada, que já atuou como consultora em temas de segurança pública e prevenção da violência em diversos órgãos. De acordo com ela, houve violação dos direitos humanos na morte do policial, mas a resposta das autoridades também está violando os direitos humanos, além de ter pouca eficiência. “Se aposta numa lógica de gerar medo, de mostrar quem é mais forte”, ressaltou. A socióloga enfatizou que os agentes devem prender os criminosos, não matar. “Não cabe à polícia executar, decidir e julgar uma pessoa. Ela precisa ser presa [...] Me parece muito grave o que está acontecendo”, finalizou. Moradores de Guarujá (SP) pedem para Polícia parar de matar pessoas durante operação Procurada pelo g1, a SSP-SP informou que 16 suspeitos morreram após entraram em confronto com as forças de segurança. “Todos os casos são investigados pela Divisão Especializada de Investigações Criminais (DEIC) de Santos e pela Polícia Militar por meio de Inquérito Policial Militar (IPM)”, esclareceu. Ainda segundo a pasta, as imagens das câmeras corporais dos agentes serão anexadas aos inquéritos e “estão disponíveis para consulta irrestrita pelo Ministério Público, Poder Judiciário e a Corregedoria da PM”. Leia mais: Policial da Rota morre e outro fica ferido em comunidade de Guarujá, SP PM morto sonhava ser campeão mundial de jiu-jitsu 'Sniper do tráfico' suspeito de matar PM da Rota é preso em SP Homem morto em ação da polícia teve o filho tirado do colo antes de ser 'fuzilado' em mangue, diz esposa; VÍDEO Instituto Sou da Paz O Instituto Sou da Paz busca contribuir para a efetivação de políticas públicas de segurança e prevenção da violência, pautadas por valores de democracia, justiça social e direitos humanos. Entenda o caso PM da Rota morto era da capital de SP e estava em serviço quando foi atingido por criminosos Arquivo Pessoal O soldado Patrick Bastos Reis foi baleado enquanto fazia um patrulhamento na comunidade da Vila Júlia, em Guarujá, na quinta-feira (27). A morte foi confirmada no mesmo dia. Além dele, um outro policial foi baleado na mão esquerda, encaminhado para o Hospital Santo Amaro e liberado. Após o caso, a Polícia Militar iniciou a Operação Escudo, com o objetivo de capturar os criminosos responsáveis pela ação contra os agentes. Erickson, também conhecido como 'Deivinho', foi capturado na Zona Sul de São Paulo, durante a noite do último domingo (30). Segundo informações da polícia, Erickson tem 28 anos, é solteiro e era o 'sniper' utilizado pelos traficantes. Ele teria atirado em direção ao soldado da Rota de uma distância de mais de 50 metros. Mortes 'Sniper' que matou policial do ROTA pede para Tarcísio 'parar de matar inocentes' Em vídeo gravado antes de ser preso, o suspeito afirma, em relato direcionado ao governador de SP e ao secretário de Segurança Pública, que estão "matando uma 'pá' de gente inocente". Ele diz não ter nada a ver com o caso, mas que vai se entregar. Erickson diz ainda que estão "querendo pegar" sua família (veja o vídeo acima). O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou nesta segunda-feira (31) que o vídeo gravado pelo suspeito foi "uma estratégia do crime organizado". "A verdade é que esse vídeo que ele fez, orientado pelos seus defensores, inclusive tem áudio do advogado o orientando a fazer esse vídeo, se os senhores ainda não possuem, ao longo das investigações vão tomar conhecimento disso, é uma estratégia do crime organizado, inclusive de cooptar moradores, de cooptar pessoas das comunidades que também são vítimas do tráfico organizado apresentando versões", afirmou. Reforço O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o secretário de segurança do estado, Guilherme Derrite, anunciaram aumento do efetivo policial e uma nova unidade em Guarujá, no litoral de São Paulo. Segundo o governador, as ações se fazem necessárias pois "o tráfico ocupou a Baixada Santista". Governador Tarcísio de Freitas (de cinza, ao centro), durante coletiva sobre operações na Baixada Santista e Centro de SP TV Globo VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos